Conta a lenda que há perto de 5 mil anos o Imperador Chinês Shennong bebia uma taça de água quente quando nela caíram umas folhas de uma árvore das imediações. Curioso, provou a água e logo nesse momento descobriu as propriedades revigorantes daquela mistura, e assim nascia o chá.
Mito ou realidade, certo é que o chá provém de facto da Ásia, e já é utilizado pelos diferentes povos há vários milénios. As propriedades medicinais da bebida são igualmente ancestrais, e nas últimas décadas têm sido investigadas cientificamente, com descobertas fascinantes.
Hoje em dia uma bebida muito apreciada pelos mais variados povos, convém ainda assim distinguir o chá de outras infusões igualmente populares.
Chá é o nome dado à infusão realizada a partir da planta com o mesmo nome, a camellia sinensis. Muitas outras bebidas feitas a partir de infusões de folhas de plantas, frutos ou árvores acabaram por ser conhecidas igualmente por “chá” (como é o caso dos populares chá de cidreira ou de limão), mas em termos precisos trata-se de algo diferente.
No que diz respeito ao chá propriamente dito, existe uma grande variedade de tipos e sabores, o que leva também ao crescimento de um grupo de apreciadores, verdadeiros connaisseurs, à semelhança do que acontece com o mundo da enologia. Ainda assim, é possível agrupar os diferentes tipos de chá em quatro grupos, de acordo com a sua oxidação: chá preto, oolong, verde e branco.
Chá preto
É de longe o tipo de chá mais popular no mundo ocidental: mais de 90% do chá consumido é preto. Curiosamente, esta tendência é relativamente recente, uma vez que só a partir de finais do século XIX é que o chá preto começou a preferido em relação ao chá verde.
Marcado pelo seu sabor intenso e cor escura, é também conhecido como chá vermelho. Este chá é produzido através da oxidação intensa das suas folhas, o que leva também a que tenha o teor mais elevado de cafeína de todos os tipos de chá. É também dos que mais frequentemente é misturado com folhas de outras plantas, criando aromatizações diferentes e apelativas.
Os principais produtores de chá preto são a Índia e a China, ainda que existam outras plantações de elevada qualidade em África e em países como a Tailândia e a Indonésia. Os mais populares são os chás pretos de Assam e Darjeeling, na Índia, e de Keemun, na China.
À semelhança dos outros tipos de chá, também o preto tem vários benefícios para a saúde, destacando-se a minimização do risco de doenças coronárias. Contudo, o elevado nível de cafeína que tem leva a que o seu consumo excessivo não seja recomendado.
Chá Oolong
Este chá tipicamente chinês é internacionalmente conhecido pelo seu nome original, “oolong”, que significa “dragão negro”. A origem do nome é incerta: algumas versões apontam para o local onde era originalmente plantado, outras para o nome da pessoa que o descobriu. é que tem sido, desde sempre, um produto característico da China, onde ainda hoje é produzido.
O chá oolong é caracterizado por uma oxidação variável, mas sempre inferior ao chá preto e superior ao verde. O sabor aproxima-se mais deste último, mas sem deixar de realçar o sabor a “ervas” característico do chá verde e que desagrada a muitas pessoas. Dois dos chás oolong mais apreciados são o Da Hong Pao e o Tieguanyin.
Dado o seu estado intermédio, há quem considere este chá como um subtipo e não como um tipo por si só, incluindo-o na categoria dos chás verdes. Contudo, a especificidade do seu sabor justifica que seja considerado à parte.
Chá Verde
Igualmente proveniente da China, é o tipo de chá mais popular no oriente (ao contrário do ocidente, onde prevalece o chá preto). Na verdade, no Japão nem é referido como “verde”, mas apenas como chá.
Este chá caracteriza-se por ser submetido a uma oxidação mínima. Contém um teor muito reduzido de cafeína, e as suas propriedades medicinais são conhecidas há vários milénios. É também a esse factor que se deve o recente aumento de procura deste chá, consequência ainda do aumento de investigação científica que se tem verificado nas últimas décadas.
Apesar de terem sido destruídos vários mitos, que apontavam o chá verde como agente retardador do progresso de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson, ou de tratamento de esclerose múltipla (entre vários outros), certo é que se tem verificado um papel significativo do chá verde na redução de doenças cardiovasculares, artrite, combate à obesidade. Vários outros estudos procuram encontrar fundamento científico para a relação com o stress, diabetes, sistema imunitário, cancro e mesmo o VIH.
Se procura um chá verde de qualidade superior, a escolha mais indicada serão os chás Longjing, Bi Luo Chun ou Da Fang, da China, e Gyokuro, Matcha ou Sencha, do Japão.
Chá branco
Trata-se de um chá feito a partir de folhas ainda jovens, sem oxidação. Por esse motivo, é também o que tem menor teor de cafeína, mas as semelhanças da produção levam a que seja considerado, com alguma frequência, um subtipo de chá verde.
Grande parte dos efeitos medicinais do chá verde podem ser adoptados para o chá branco, mas existem alguns estudos que afirmam que este chá tenha vantagens ao nível dos efeitos anti-bacterianos e anti-virais.
Os chás brancos mais apreciados são os da região chinesa de Fujian, como por exemplo o Bai Hao Yinzhen ou o Shou Mei.
Tisanas
Como foi afirmado no início, se a infusão não provém da planta camellia sinensis, não se pode dizer que se trate verdadeiramente de um chá. Contudo, o uso popular leva a que existam vários outros tipos de tisanas que obrigatoriamente não poderiam deixar de ser referidas.
Tisanas como o “chá” de limão, cidreira, camomila, tília ou menta são bastante apreciadas – tão populares como o verdadeiro chá – e são tão ilimitadas quanto a variedade de plantas, frutos e árvores aromáticas que existem.
Muitas destas infusões alegam também efeitos medicinais, habitualmente associados aos efeitos primários das plantas em que se baseiam. Contudo, convém não os confundir com os efeitos terapêuticos do chá, bem mais consolidados e comprovados que os das tisanas.
Via Casa do Chá (http://casadocha.com/artigos/tipos-cha)