FOCO NA REGIÃO

A Rota de Champagne: deguste o melhor desse passeio

Ninguém duvida que Champagne, por causa da bebida que leva seu nome, carrega todo o glamour do vinho mais presente nas celebrações e festividades. Porém, nem mesmo os franceses conhecem a variedade de tipos de champagne a as maneiras diferentes de produzí-lo. Se você tinha planos de visitar a região e descobrir uma ou mais de suas rotas de vinhos, aconchegue-se agora num lugar confortável e deixe nossas sugestões borbulharem em ideias para sua viagem!

A história da champagne

Uma breve explicação histórica. Champagne é sinônimo de celebração especial, e o motivo está no seu passado. Nos tempos em que o vinho champagne foi inventado, no século XVII, somente a nobreza detinha o privilégio de apreciar a bebida. Luís XIV, o rei sol, foi um dos consumidores desta invenção de Dom Perignon, o monge de uma abadia beneditina de Hautvilliers que, para criar o champagne como conhecemos, teve a ideia de misturar diferentes tipos de uvas.

Anos se passaram e diversos produtores conseguiram popularizar o champagne – que ainda é consumido, na maioria das vezes, em ocasiões comemorativas. Existem, atualmente, cerca de 300 marcas de dez grupos e diversos produtores independentes.

Cada marca tem um segredo de fabricação, uma “assinatura”, o que aumenta ainda mais o glamour da bebida. Não é à toa que em 2010 a chamada “refeição à francesa” (aquela que inclui o champagne) foi reconhecida patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. É de se ficar orgulhoso; e borbulhoso.

A região de Champagne-Ardenas

Localizada no nordeste francês, mais da metade do território Champagne-Ardenas é dedicado à agricultura. Dá pra ver pela paisagem e por seus campos de vinhedos que esta é a maior região agrícola francesa — para você ter uma ideia de quanto o champagne é importante para a economia local.

Saindo de Paris, sua primeira parada será Reims. Via TGV, que sai da estação Gare de l’Est, você chega à Gare de Reims em cerca de 45 minutos. Mas você também pode ir de carro alugado e fazer seu próprio destino — o que será ainda mais vantajoso e confortável se você estiver em família.

Champagne-Ardenas é dividida em quatro sub-regiões ou departamentos: na ordem norte a sul, há Ardenas (ou Ardennes), Marne, Aube e Haute Marne. Sua principal cidade é Reims, em Marne, e é uma parada obrigatória mesmo se você só queria provar vinhos. Além de ter sido local onde 29 reis franceses foram coroados, a cidade foi um grande pólo de trocas comerciais na Idade Média (as famosas feiras de Champagne, muito antes da bebida borbulhante ser inventada). Quando passar lá, não deixe de ver a Catedral de Reims, uma das mais incríveis construções medievais da era gótica, tombada pela Unesco como patrimônio mundial da humanidade.

Além do vinho, a região também é famosa por seus vitrais. São mais de duas mil obras espalhadas em trezentos edifícios; existem alguns vitrais que foram criados no século XIII, como os da basílica de Saint-Rémi e a catedral de Troyes.

A Rota do Vinho de Champagne

A França possui 17 rotas do vinho em seu território. A de Champagne é sem dúvida uma das mais visitadas. São cerca de 600 Km para percorrer e mais de 80 produtores e pontos de degustação para provar iguarias etílicas feitas a partir das uvas pinot noir, chardonnay e pinot meunier.  Desse número, a maior concentração está no departamento de Aube; ali existem quinze aldeias em cerca de 220 Km que são visitadas por apreciadores de champagne de todos os cantos do mundo.

Champagne tem cinco rotas planejadas para visita. A de Saint Thierry, mais ao norte, sai de Reims e segue por trilhas pitorescas. Reims Montaigne, ao sul de Reims, além de passar pelo coração do parque natural da região, cheio de caminhadas e esportes náuticos, tangencia as encostas da montanha local que compõe a paisagem.

O Vale de Marne sai de Épernay e possui uma vista panorâmica dos vinhedos de Champagne em Marne; é uma das melhores vistas dessas rotas. Já o trajeto de Côte des Blancs, ao sul de Épernay, tem um ar bucólico, especialmente pelos vilarejos e campos cujas uvas originaram a Chardonnay.

Por fim, Côte des Bar, que fica mais ao sul da região e é, dos cinco, o trajeto mais frequentado. Isso porque mistura um pouco de tudo: vilas típicas, paisagens de cair o queixo e contribuição histórica para o champagne que tanto amamos — ou seja, resume toda a região numa só área, o que é um bom motivo para quem só pode fazer um dos percursos.

Quando, onde e como visitar

A melhor época para fazer este passeio é no outono; mais especificamente no final de setembro, começo de outubro, quando é tempo de colheita da nova safra. Essa época também oferece toda a composição do cenário dos campos de videiras, que ficam lindas com as cores da estação. Mas a primavera, em termos visuais, também compete bastante aos olhos.

De qualquer forma, é fácil distinguir os viticultores dignos de visita: as placas “point accueil” indicam os locais aprovados por um júri composto por profissionais de turismo e enologia.

E como percorrer tantos caminhos? As opções mais comuns são:

  • você pode ir de carro, alugando na região ou vindo direto de Paris; é a opção recomendada para grupos de três ou mais pessoas, famílias e também para quem tem locomoção dificultada;
  • ir a pé e/ou transporte local, concentrando-se numa das cinco rotas planejadas acima. Nesse caso, a dica vital é combinar uma estadia por sete ou mais dias num hotel ou pousada que tenha acesso mais fácil para as extremidades dessas rotas, pois só assim você vai conhecer mais afundo uma região;
  • deixar a saúde em dia e ir de bicicleta, percorrendo rotas e vilas diferentes, já que os dias no outono ou primavera são muito propícios para atividades ao ar livre. Para quem vai percorrer Champagne assim, existe a possibilidade de acampar em campings ou locais que oferecem o quintal para aventureiros.

Uma das opções para passar as noites, em especial para quem quer percorrer o máximo de rotas possíveis, é (além de acampar) hospedar-se em bacchus, que são quartos em casas de moradores locais. É a melhor oportunidade de imergir na cultura e ter centenas de histórias pra contar na volta.

As bacchus são hospedagens a partir de 48 € para 2 pessoas com serviços básicos, mas que variam dependendo do luxo da estadia, número de visitantes e serviços disponibilizados. Confira a lista de casas que oferecem esse serviço neste link, onde há a relação de hospedagens familiares que fazem parte dessa rede turística organizada.

A boa e velha pousada sempre é a opção que passa por nossa cabeça. Neste site você confere uma lista confiável de locais para dormir, com indicação de preço, avaliação, fotos das acomodações e o contato de cada local.

Além de pousadas, hotéis são vantajosos se você quer traçar o roteiro de seus passeios na hora, pois as recepções costumam ter listas de opções e contato de produtores locais para agilizar sua escolha. Já que a região de Champagne é pequena para quem vai de carro, hotéis também são recomendados se você quer fazer de sua hospedagem um ponto fixo, de onde planejará seus passeios e de onde você partirá todos os dias.

Quanto aos produtores, na França os locais de visitação e degustação são chamados de caves — as de Pommery e Épernay são as mais famosas. É possível, com este site aqui, conhecer o endereço dos locais, marcar visitas (recomendado) e até combinar preços com os produtores, já que algumas visitações ou degustações podem até ser gratuitas.

Confira também

O lado bom da rota dos vinhos é que você pode combinar momentos de degustação com caminhadas e paradas históricas.

Além das caves de Champagne e da catedral de Reims, aproveite a proximidade e conheça Troyes. É considerada a capital histórica da região devido à sua importância no século XVII, quando passou pelo auge de sua indústria têxtil e metalúrgica. Além de suas casas de madeira, confira a Floresta d’Orient (parque natural), o centro urbano (com forma de rolha de champagne!), a basílica de Saint Urban e o parque da montanha de Reims (vilarejos).

Fora de Troyes, mas ainda na região, ainda tem pra ver:

  • o claustro romano e as construções religiosas de Châlons-en-Champagne que tornaram a região conhecida;
  • o festival de marionetes em Charleville Mézières, para apreciar teatro de bonecos do mundo inteiro — acontece todo ano ímpar, em setembro (mais um motivo para ir à França no outono);
  • as lindas muralhas medievais do vilarejo de Langres, onde nasceu Diderot;
  • o castelo de Sedan, maior fortaleza medieval da Europa;
  • e o memorial Charles de Gaulle em Colombey-les-Deux-Églises.

Dicas sobre taxas e visitas

As produtoras mais famosas vão cobrar uma taxa para visitar suas fábricas. Não deixe de conhecê-las, mas não fique somente nelas. Existem muitos produtores menores e/ou independentes que não cobram nem a degustação, nem a visita à produção. E provavelmente serão eles que vão diversificar suas experiências na experimentação de vinhos. É só entrar em contato e combinar.

Há também produtores que, devido à demanda, oferecem locais para hospedagem no melhor estilo pousada (com café da manhã incluso). É uma ótima pedida para consumir ali mesmo suas preciosidades borbulhantes sem se preocupar com dirigir nas estradinhas no caminho de volta.

E quem não fala francês?

Saber a língua facilita bastante numa viagem como essa. Nada muito aprofundado: quatro meses de curso são suficientes para você se comunicar e entender minimamente as explicações dos produtores. Mas se você sequer arranha o francês, não precisa se privar da experiência, pois, por se tratar de uma zona bastante visitada por turistas, muitos guias e receptores dos “point accueil” estão preparadas com, pelo menos, o básico do inglês.

Um dos mitos sobre o povo francês é que não gostam de quem fala inglês. Claro que, por motivos de rivalidade histórica, isso procede; mas só até certo ponto. O que francês não gosta, mesmo, é de turista que pensa que os franceses são obrigados a falar inglês (principalmente em Paris). Mas faça a prova: aprenda meia dúzia de frases “de abertura”, como as abaixo, e veja como o trato é diferente. O francês, ao perceber que você é um turista que se esforça para se comunicar na língua local, será mais amável e solícito.

Algumas frases que abrem portas; básicas, mas que fazem a diferença pra quem fala zero francês.

  • s’il vous plaît (por favor)
  • merci (obrigado)
  • bon jour (bom dia)
  • bonne nuit (boa noite, chegando)
  • Je ne parle pas français (eu não falo francês)
  • vous parlez anglais? (você fala inglês?)

Depois de tanta informação para sua viagem, a última dica é só esta: estoure uma rolha de champagne, sirva entre seus queridos e entre no clima do passeio. Tim-tim, e au revoir!

Fontes:

http://www.champagne-ardenne-tourism.co.uk/

http://www.clevacances.com/

http://dicasdefrances.blogspot.com.br/

http://www.france.fr/pt/

http://www.petitfute.com/

http://br.rendezvousenfrance.com/pt-br/

http://www.theguardian.com/travel/

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *